domingo, 29 de maio de 2016

A cultura do estupro


Em meio a discussão sobre o caso da menina que foi estuprada por trinta homens, não posso deixar de me solidarizar com a questão e tentar problematizá-la aqui no blog. O texto que trago a seguir foi escrito há quase um ano. Infelizmente, a realidade exposta nele não mudou e, diante disso, me vejo perguntando quantas vezes essa atrocidade ainda acontecerá para que a sociedade perceba que isso é um absurdo. Até lá, o que podemos fazer é tentar conscientizar as pessoas através das palavras. Espero que apreciem a leitura :)


 Violência. Desrespeito, Dor. Tais palavras definem o estupro, ato bastante presente no cotidiano brasileiro e que afeta, principalmente, mulheres. Apesar de ser uma ação desumana, grande parte dos seus executores saem impunes do feito. Isso se deve a prevalência da ideia de que a vítima é a causadora e merecedora disso.

 Segundo pesquisa realizada pelo Ministério da Justiça, há a denúncia de apenas 7% a 8% dos casos de abusos sexuais ocorridos no país. A culpabilização da vítima é um dos fatores que possibilitam a permanência desse quadro. Por saberem que a falta recairá sobre eles, as estupradas, na maioria das vezes, não delatam o agressor. Isso, além de ocultar o sofrimento feminino, estimula a maior ocorrência desses atos, pois os estupradores terão a certeza de que não enfrentarão as consequências.


 A objetificação da mulher é outro agravante. Desde a educação informal, até nas campanhas publicitárias, cultiva-se a concepção de que o corpo feminino é um produto de consumo e posse masculinos. Infelizmente, isso é ensinado às crianças, o que faz com que tanto meninos quanto meninas tomem isso como uma verdade e levem essa ideia consigo pelo resto de suas vidas. Prova disso é a pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Essa mostra que o ato de estuprar é aceito por 26% dos seus entrevistados, de ambos os sexos, caso a mulher utilizar roupas que revelem sua estrutura corporal

 A cultura do estupro é responsabilidade da sociedade, uma vez que essa dissemina costumes de alto cunho machista. Logo, é necessário que as escolas criem projetos que visem a discussão desse tema e mostrem aos estudantes que as mulheres, além de não merecerem sofrer tal ato, também não são culpadas pela sua ocorrência. Isso permitirá o desenvolvimento de adultos conscientes acerca dos direitos femininos e, consequentemente, de uma sociedade igualitária.